quinta-feira, 17 de junho de 2010

CHEIRO DE COCO QUEIMADO COM MELADO

Mês de dezembro, geralmente associa-se esse mês com festas, natal, fim de ano, começo de ano, comigo não é diferente. Sempre espero por dezembro, posso até dizer que é meu mês preferido. Um mês de recordações, natais que marcaram uma vida e que o tempo levou e a lembrança marcou.

Natal que hoje para muitos é uma associação com festas e bebidas, na minha infância era mais que uma festa, era o dia em que minha bisavó, ou melhor, minha vó Dorva, como eu sempre chamei desde que me entendo por gente era a matriarca da família e a dona da receita das roscas mais gostosas. Depois de alguns anos sem o natal comandado por ela posso dizer que natais como aqueles só ficaram na lembrança.

Lembro de como eram os preparativos para a festa, organizávamos brincadeiras desde outubro, ou melhor, já esperávamos pelo natal assim que ele acabava. O nosso natal começava meses antes e só terminava dias depois. Era uma espécie de reencontro da família, uma reunião de todos os primos e tios, alguns que eu nem sabia que existiam.

As comidas eram as tradicionais de natal: rabanada, pernil, salpicão, uma mesa super farta de frutas todas cortadinhas especiais para a data, com formatos que me intrigavam eu sempre quis saber como minha tia fazia para cortar a melancia o mamão daquele jeito, coisas simples, mas que quando você é pequena nos deixa curiosa e sem explicação. Mas era uma certa comida que geralmente não faz parte da maioria dos natais que marcou a minha história de natal. E só uma pessoa conseguia fazer a minha vó, quitandeira de mão cheia, ela fazia todos os tipos existentes de quitandas,e era ela quem fazia as roscas mais cheirosas e suculentas que alguém podia fazer, o cheiro incendiava a casa, lembro que quando ia visitá-la em outras épocas e ela fazia as roscas, já dava uma sensação de natal, era o cheiro de coco queimado com melado.

O cheiro de coco queimado com melado que tinha as roscas da minha vó, era uma espécie de cheirinho dela também, parecia que ela e as roscas faziam uma parte da outra. Não sei se porque tenho a lembrança dela sempre preparando a massa, deixando crescer, dando formatos e recheando a roscas com coco, colocando pra assar enquanto ela queimava o açúcar pra fazer o melado e logo que ela tirava as roscas do forno ela nem esperava esfriar pra passar o melado e jogar o coco por cima, eu sempre lembrava do cheiro e associava a ela,acho que o cheiro do coco quando entrava em contato com o melado dava uma leve sensação de coco queimado impregnava nela, mas o cheirinho bom durava pouco tempo, os netos queimavam os dedos e as bocas, mas não conseguiam esperar esfriar para começar a comer uma daquelas maravilhas.

Então eu podia dizer que os natais sem as roscas da minha vó Dorva, não eram os mesmos natais. Um desses natais fui passar com a minha vó por parte de pai e não tinha as roscas da minha vó Dorva, perdeu a cara e o cheiro de natal, parecia mais um jantar de família e não uma ceia de natal.

Hoje alguns anos sem a minha vó posso dizer que os natais não tem mais aquele cheirinho bom, não que sejam ruins, mas parece que falta alguma coisa. Não é um simples cheiro de rosca e o cheirinho da minha vó, e assim os natais passaram a ser simples, sem cheiro e gosto, apenas um natal, uma espécie de jantar em família que parece não ter os mesmo anseios do natal organizado pela minha vó que seguiam a receita de rosca. Existia uma receita que só ela sabia e que por mais que os outros tentem fazer igual elas apenas fazem a rosca, e não mais uma rosca com cheirinho de coco queimado com melado.

Loira ;)
Beijoooss



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